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10 de abril de 2021
Valores absolutos. Números relativos. Total por milhão. Médias aritméticas, ponderadas ou móveis. Qualquer análise feita utilizando números e estatística certamente serão verdadeiras. Maaaas, a apresentação destes resultados pode ser mais conveniente utilizando um ou outro método. Por exemplo, o Brasil em alguns momentos foi anunciado como campeão em mortes por covid. Mas isso em valores absolutos ou relativos em obtido por milhão?
No início de Abril, enquanto preparo este texto, Israel já havia vacinado mais de 60% da sua população, enquanto no Brasil, só 7% dos brasileiros receberam pelo menos uma dose. Ouvindo ou lendo uma manchete verdadeira como essa, o que você entende. Israel está melhor ou pior do que o Brasil?
Da mesma forma, um grande veículo de imprensa nesta semana anunciou que a “Inglaterra vai reabrir lojas, academia e pubs ao ar livre” pois já vacinou 54,3% da população enquanto o Brasil só 9,9%. Isso é muito mais do que o Brasil?
Complexo isso, não é? Neste texto vou mostrar a construção das verdades convenientes utilizando números verdadeiros. E como nós Pais e Professores, podemos ajudar a educar uma geração mais consciente e menos manipulável.
Verdade Conveniente
Não só no Brasil, mas em todo o planeta, estamos presenciando a escalada de grupos cada vez mais radicais. O retorno da intolerância que nunca foi completamente erradicada. E mais uma vez a ascensão de governos populistas. Tanto de esquerda quanto de direita. E no meio disso tudo, o povo, que é feito de gado.
E neste embalo, a mídia que não poderia ficar de fora, aproveita para dar sua temperada com o propósito de fortalecer ou prejudicar a imagem de um ou outro governante. Ou de um governo por inteiro. Nem que para isso comprometa a qualidade de vida de milhões de habitantes daquele país. Tudo pela manchete. Tudo por interesses não tão claros assim.
Pois como escreveu Edgar Allan Poe em O Mistério de Marie Rogêt: “Devemos ter em mente que, de modo geral, o objetivo de nossos jornais é antes criar uma sensação — vender seu peixe — que promover a causa da verdade. Este último fim só é perseguido quando parece coincidir com o primeiro”.
E como grupos políticos, a mídia em geral, e outros tipos de organismos fazem para “vender seu peixe”? Isso mesmo, utilizando números. Estatísticas. Mostrando a face da moeda que mais for apropriada para o momento.
E infelizmente nestes últimos 12 meses isso tudo ficou ainda muito pior do que já estava, tudo provocado pela Pandemia.
Lá no início, quando o Brasil oscilava entre o 16ª a 18ª em mortes por milhão de habitantes, a maioria da imprensa já anunciava que o Brasil estava entre os países com mais mortes por covid do mundo. Outra verdade. Mas, precisamos lembrar que o Brasil é o 6ª Pais mais populoso do planeta com aproximadamente 210 milhões de habitantes. E na sua frente, Paquistão, Indonésia, Estados Unidos, Índia e China. E destes, a não ser os Estados Unidos, será que podemos confiar nos números anunciados pelos outros?
Então, estar entre os países mais populosos certamente proporcionará ter eventos em maior quantidade, não seria isso?
Aqui já podemos ver que tanto uma afirmação quanto outra são reais. Tanto a que diz que o Brasil estava naquele momento entre os países com mais óbitos pela Covid, quando consideram números absolutos, mas que estava lá atrás quando considerado números relativos. Óbitos por milhão de habitantes.
No campo da economia também acontece muito isso. Enquanto um jornal contrário ao governo, por exemplo, anuncia que o desemprego atingiu 11% da população economicamente ativa, outro fala o contrário. Notícia que o desemprego caiu de 11,3% para 11%. Por exemplo. Novamente, ambos estão corretos, mas com ênfases muito distintas. Um pretende dar ênfase na melhoria dos números, enquanto outro quer mostrar que está tudo muito ruim ou ainda piorando.
Crescimento da economia, da produção industrial, desemprego, covid, ou tudo que pode ser transformado em números pode ser expressado de uma ou outra maneira.
Não bastasse isso, nos últimos meses a imprensa começou a também informar o número de óbitos utilizando uma tal de “média móvel”, sem que expliquem direito o que é.
Verdade verdadeira
Ou seja, construir uma verdade verdadeira utilizando as técnicas estatísticas e matemáticas que apresente o resultado que mais convém para quem está divulgando.
Os motivos para utilizar estas manipulações podem ser muitos. Financeira, ideológica, mau caráter, maldade, ou em alguns casos, até burrice mesmo.
E não é nenhuma surpresa saber que eles conseguem atingir seus objetivos. Pois vejam que no Brasil, segundo o Indicador de Analfabetismo funcional – INAF 2018, 29% da população brasileira entre 15 e 64 anos são considerados analfabetos funcionais.
E se considerarmos só os completamente proficientes, este número é ainda mais assustador. Só 12% podem ser considerados plenamente proficientes.
Fica fácil né. Com um pais onde praticamente 1/3 da população é analfabeta funcional, ou seja, até sabe ler e escrever, mas não interpretar os dados, qualquer número informado por uma grande emissora nacional passa a ser “comprado” como verdade absoluta.
Enquanto Pais e Educadores é exatamente aqui que precisamos deixar de lado nossas ideologias e trazer nos filhos e alunos a luz da verdade. Ou pelo menos, incutir neles a dúvida e a vontade de conferir o que está sendo dito e apresentado.
Precisamos questionar: será verdade? Mas a verdade completa? Não existe uma outra face desta mesma moeda? Ou sei lá, será que estes mesmo tema não seja como um dado de 6, 8 ou quem sabe até vinte lados diferentes?
Mas acima de tudo, precisamos tomar cuidado, pois hoje se os números apresentados hoje reforçam nossas crenças, vão de acordo com nossas ideologias, tendemos acreditar e reforçar eles. Mas se não correspondem ao que acreditamos, vamos falar que são mentirosos.
Hoje é um grupo político que está no poder, amanhã poderá ser outro. Então, a verdade precisa prevalecer independente de quem seja. Gostamos ou não.
O mestre Luciano Pires no seu podcast Cafezinho de número 367, traz o conceito de Imunização cognitiva. Onde “as pessoas se agarrem a valores e crenças, mesmo que fatos objetivos demonstrem que eles não correspondem à verdade”. (https://portalcafebrasil.com.br/cafezinho/cafezinho-367-a-imunizacao-cognitiva/)
Brasil ou Israel, quem vacinou mais?
Voltando a provocação inicial, Israel ou Brasil? A verdade é que ambas as respostas estarão corretas. Se tratarmos em números relativos, Israel está na frente do Brasil na vacinação dos seus quase 10 milhões de habitantes. Com 60% contra 7%. Agora, se for em números absolutos, esses 60% de vacinação em Israel corresponde a aproximadamente 6 milhões de doses aplicadas, enquanto que no Brasil no dia que preparo esta pauta já foram mais de 16 milhões de dose aplicadas, e mais de 34 milhões de doses distribuídas para os estados e município. Então, quem vacinou mais?
Que 60% é mais do que 7%, é verdade. Mas também é verdade que 16 milhões é maior do que 6 milhões. Tal qual for a forma de dar destaque para estes dados, estarão corretos. Mas se forem apresentados de uma forma independente, com certeza irão reforçar uma ou outra narrativa.
Obs.: Valor aproximado de doses aplicadas até 01 de Abril de 2021.
Ah, e em relação a Inglaterra, os 54,3% deles, para uma população de 55 milhões de habitantes, corresponde a aproximadamente 30 milhões de doses, enquanto no Brasil, como já falei, já foram distribuídas mais de 34 milhões. Então, vejam uma outra verdade, mas dita com viés negativo ao Brasil.
Obs.: Valor aproximado de doses aplicadas até 06 de Abril de 2021.
Neste site é possível conferir os números de vacinados em tempo real: https://ourworldindata.org/covid-vaccinations, e lembrando que estes números mudam a cada instante.
Podcast Classe Tech
Se preferir, ouça este texto na forma de podcast no seu player preferido, ou diretamente no Spotify em: https://open.spotify.com/episode/4ZycnzmjH6aWjQD8SVtTF6?si=zO8UV7aSQjCYIepGEnxidA
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