Náufragos Digitais – os novos excluídos
24 de janeiro de 2021#27 Será o fim da liberdade na internet?
26 de janeiro de 2021Será que o fim da liberdade na internet virá exatamente pela liberdade que ela nos dá? Esta mesma internet que nasceu com o propósito de ser um campo neutro. Com liberdade de expressão. Para permitir a inclusão das minorias e pessoas com pouca notoriedade na sociedade? Esta mesma internet que facilitou o trabalho remoto, estudos e pesquisas? Que aproximou as pessoas graças as novas e instantâneas ferramentas de comunicação? Que muitas vezes foi a responsável por organizar confrontos necessários contra a opressão? Para garantir a liberdade de povos e nações? Para levar a luz da informação e do conhecimento onde antes eram trevas e dominação?
Na essência, a internet é um conglomerado de milhares de outras pequenas redes independentes e livres. E é exatamente esta independência e liberdade que transborda para seus usuários empoderando-os a se expressarem. A divulgar seus ideais e seus pontos de vista. A brigar e defender com unhas e dentes o que acreditam.
Para alguns, essa autodeterminação acaba transformando-os exatamente naquilo que eles repudiam. Ou seja, na necessidade de impor suas ideias. Fazer prevalecer suas regras. Se necessário, subjugar os que não compactuam dos seus pensamentos. E se há um lugar perfeito para amplificar nosso viés da confirmação, é exatamente a internet.
>> Suas Pegadas Digitais: Como são? <<
Liberdade de expressão ou Manipulação de Massas?
Acontece que ao mesmo tempo, há outros grupos que pensam de forma discordante e também querem defender suas perspectivas. E pronto, uma onda de choque começa a se formar que inevitavelmente acaba numa batalha. Inicialmente uma batalha silenciosa movida por bits e narrativas, mas que por vezes pode acabar inclusive em sangue e mortes.
O estopim pode ser apenas uma fala infeliz e sem má intenção. Que interpretada com outros filtros pelo receptor, acaba iniciando uma convulsão popular incendiada pelos interesses midiáticos de audiência. E para não perder a carona, imprensa, mídia independente, influenciadores digitais e todos os “entendidos” no assunto começam a “compartilhar” e “emendar” algo mais. Jogam gasolina para ver o “circo pegar fogo”, e assim polemizam mais ainda, tudo em troca do aumento da sua audiência. Nesta hora entra em vigor a conhecida expressão “eu não invento, só aumento“.
O passo seguinte são as brigas por meio de narrativas. Onde cada um dá manchete e reescreve o ocorrido de acordo com o seu viés ideológico. Logo depois, não só as interpretações divergentes são noticiadas, mas também entra em campo as fake news. Ou seja, não apenas reinterpretar o ocorrido, é necessário também, inventar e/ou reinventar e algo novo e mentiroso que corrobora com o que defendem.
Pronto, em poucos dias, ou em alguns casos em poucas horas mesmo, o país todo estará dividido em grupos contra ou a favor. Sendo que, infelizmente, a maioria absoluta destes não passam de “massa de manobra”. Nunca se deram o trabalho de buscar a fonte original, apenas repetem as narrativas.
Dos xingamentos virtuais para agressões reais nas ruas, passa a ser só uma questão de tempo e “oportunidade”. É como na letra da música “A Canção do senhor da guerra” do Álbum Musica para Acampamentos de 1992 do Legião Urbana gravada antes da internet se popularizar:
A Canção do senhor da guerra (fragmento)
[…]
Existe alguém
Que está contando com você
Pra lutar em seu lugar
Já que nessa guerra
Não é ele quem vai morrer
E quando longe de casa
Ferido e com frio
O inimigo você espera
Ele estará com outros velhos
Inventando
Novos jogos de guerra
[…]
Liberdade na internet que vira Censura
Assim, o que primordialmente nasceu para unir os povos, agora está os afastando. De pequenas redes e servidores, grandes portais surgiram. E destes, empresas maiores que passaram a dominar praticamente todas as ações na rede.
A liberdade na internet foi usada e abusada. Virou libertinagem. Ingenuamente ou intencionalmente mesmo. Transformou-se em desculpa para agressões e ofensas de um lado, e de vitimismo de outro. Sem contar é claro, com a facilidade de cometer crimes dos mais variados tipos.
E como em toda “guerra”, sempre surgem os bem intencionados. Seja governo, empresas reguladoras ou mesmo ativistas digitais. E ideias para melhorar a internet não faltam. Porém, todas elas passam inevitavelmente pela regulação, por uma censura “branca” ou explícita mesmo. E até mesmo, em certos casos, pelo banimento de usuários de determinadas plataforma.
Banimento de contas, censuras veladas ou explícitas são apenas algumas das ações. Mas certamente a maior de todas seja outra, implícita, que refere-se a desmonetização de vídeos e canais de produtores independentes. Aqueles que tentam remar contra a corrente. E como é feito isso? Os grandes gigantes da internet preparam seus algoritmos para darem menos visibilidade para determinados conteúdos. E assim, menos views, menos cliques, menos dinheiro. E menos rentabilidade neste caso, significa o sufocamento destes produtores. “Shadow ban”, banimento, e cancelamento são apenas algumas palavras da moda.
Contudo, esses mesmos moderadores também tem suas convicções políticas, sociais e pessoais. Então, inevitavelmente a rede continua sobre a influência de uma ou outra convicção. Banem das plataformas políticos como Donald Trump, mas mantêm ditadores sanguinários? Banem jornalistas independentes mas mantêm outros que incitam violência e suicídio de autoridades? Será que estes ativistas digitais realmente estão buscando a harmonia na internet? Ou somente a prevalência das suas ideologias?
E neste cenário todo, há ainda quem acredite que a internet é livre, democrática e aberta para todas as correntes. E você? Acredita mesmo nisso? Acredita que tem o poder de decidir o que assistir e ler?
O vídeo / Podcast a seguir é uma reflexão sobre o texto. Cujo temática é a mesma, mas o conteúdo é diferente. Assista ele também.
Vídeo no Youtube em: https://youtu.be/yJYPrLJ2YYU
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Publicado originalmente nos Portais www.lerunica.com.br e www.portal49.com.br