Foguete Chinês fora de controle atingira a terra
7 de maio de 2021#39 – Entenda porque o foguete Chinês estava descontrolado
11 de maio de 2021Felizmente, assim como previsto nas modelagens matemáticas, os restos do foguete Chinês Long March 5b reentrou na atmosfera terrestre na trajetória calculada e dentro do intervalo de tempo previsto.
Você que quer saber onde foi esta reentrada, entender como é feito estes cálculos mesmo para objetos descontrolados como este foguete chinês, conhecer alguns sites de rastreamento de objetos que orbitam nosso planeta e muito mais? Vou te responder tudo isso neste post e muito mais. E certamente ao finalizar sua leitura, você perderá completamente seu medo de ser atingido por algum resto de satélite.
Se preferir, ouça este texto de forma resumida em Podcast pelo Spotify https://open.spotify.com/episode/0yGwt6WZWEx2ML9LFZyVxy?si=_qE3iku2RlSd5V21vdRbww (ou no seu player preferido procurando por Podcast classe.tech)
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Foguete Chinês Descontrolado
A história já é conhecida por todos.
No último dia 29 de abril de 2021 foi feito com sucesso o lançamento da missão chinesa que levou para órbita o primeiro módulo que servirá de alojamento para os astronautas na futura Estação Espacial Chinesa. Veja o vídeo real do lançamento deste foguete aqui: https://youtu.be/RuiXfwsI80s
Futura Estação Espacial Chinesa (em construção)
Acontece que, o primeiro estágio do Foguete chinês Long March 5b que deveria ter se desprendido ainda durante a subida e pela força da gravidade, caído no mar sem maiores consequências, por algum motivo acabou ganhando velocidade e altitude. E assim, acabou entrando descontroladamente em uma órbita terrestre baixa.
Local da Reentrada
E por fim, por volta das 2:15 UTC (hora internacional) acabou reentrando na atmosfera terrestre. Embora as notícias apontem como o Norte das Ilhas Maldivas no Oceano Índico, este ponto, há relatos e telemetria que a queda começou ainda na península Arábica. Além do que, há vídeos (sem autenticidade confirmada) de um rastro incandescente no Céu de Omã.
Essa reentrada acabou acontecendo na rota prevista, e também dentro do intervalo de tolerância previsto por algumas agências.
Uma delas, a Space-Track previa que esta reentrada ocorreria às 2:11 UTC ±60min na altura da Bacia do Mediterrâneo
A outra, a The Aerospace Corporation previa para às 03:02 UTC ±2h no Oceano Pacífico.
E de fato, isto ocorreu exatamente no intervalo entre estas duas previsões. Não foi nem no Mediterrâneo, nem no Pacífico. Mas no Índico. Embora haja algumas divergências em relação ao exato ponto, pois alguns apontam como sendo na Península Arábica e outros no Índico ao norte do Arquipélago das Maldivas. A verdade é que ambos podem estar corretos pois esta é era rota prevista e dentro do intervalo de tempo (conforme imagem acima). E de fato, pode ter começado a entrar em combustão lá na península arábica e finalizado de fato no norte das Maldivas.
Cálculos assertivos para a Reentrada do foguete Chinês
E você sabe como eles chegam a estas previsões muito assertivas?
Todos os objetos que orbitam nosso planeta de uma forma ou outra estão sendo monitorado. Seja por outros satélites ou mesmo sensores e radares em terra. E com base na telemetria destes, é possível acompanhar sua rota e também fazer este tipo de previsão.
Esse corpo do foguete Chinês, por exemplo, fazia uma volta completa ao redor do planeta a cada 89,7 minutos. Arredondando, uma volta a cada 1h30. A qual velocidade? Mais de 28 mil km/h. E a cada volta tanto seu apogeu (mais afastado) quanto seu perigeu (ponto mais próximo da terra), eram mensurados.
Agora fica fácil. Inclinação orbital, velocidade, decaimento de altitude em relação ao seu apogeu e perigeu a cada ciclo, e claro, mais uma série de outras informações como tamanho, peso entre outros tantos dados, são alimentados nos softwares de simulação.
E a cada nova passagem, os dados eram corrigidos e novas modelagens surgiam. Nesta predição feita pela AeroSpace e divulgada no seu site e no seu twitter, fica bem claro esses ajustes. A janela de previsão que começou com um intervalo de dias, terminou com uma tolerância na casa dos minutos
E foi assertiva. Tanto em relação ao momento quanto em relação a rota. Pois o reporte da queda dos destroços do corpo deste foguete chinês foi ao norte das ilhas Maldivas. No oceano Indico. E até onde se sabe, sem nenhum dano.
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Porque diziam que o foguete Chinês estava descontrolado?
Na noite de sábado realizei uma live de quase 7h acompanhando essa reentrada (https://youtu.be/jaGodjolvhQ). E nela, muitos dos que acompanharam questionaram porque designava-se como uma reentrada descontrolada. O que significa o termo descontrolado neste destroço, se sabem onde vai passar, qual velocidade está , qual altitude e ainda, onde provavelmente irá reentrar?
O termo descontrolado neste caso refere-se a não ter controle nenhum sobre o que iria acontecer.
Muitos foguetes, satélites desativados ou capsulas de retorno espacial. Inclusive a capsula chinesa que voltou em dezembro com amostra do solo lunar. Fazem suas reentradas de forma controlada. Ou seja, com seus propulsores escolhem a melhor velocidade, e ponto de reentrada exato a fim de pousarem em um ponto específico na terra ou mar. Ou seja, escolhe-se controladamente onde irão e quanto rebentar.
E este não oferecia nenhum tipo controle. Em outras palavras, podia se prever, como foi feito, mas não interferir.
Havia riscos reais?
Outra dúvida constante era quanto aos riscos reais destes destroços. Tanto aqui no Brasil, quanto em Portugal.
A verdade é que sim, havia riscos reais e tanto Brasil quanto Portugal estavam na rota de passagem dele. No sábado à tarde antes da sua queda, à tarde e início de noite ele passou pelo Brasil 3 vezes. E Portugal, estava sim na rota inclusive de reentrada dele.
Mas quais eram os riscos? Por mais que alguns falassem em menos de 2% de cair em solo Brasileiro, se de fato isso ocorresse o que veríamos provavelmente seria apenas uma chuva de destroços. Alguns fragmentos.
Seria como uma chuva de pregos incandescentes em altíssima velocidade. Riscos de danos estruturais e até de ferir pessoas? Sim, também haveria, mas se ocorresse destes fragmentos caírem sobre uma área densamente povoada e que pudesse ser facilmente inflamada.
É milhares de vezes mais fácil ganhar na MegaSena do que receber um pedaço de destroço espacial na cabeça. A chance calculada é de menos de 1 para 1 trilhão. Embora sim, exista e não podemos negar.
Mesmo esse sendo um dos 7 maiores objetos espaciais a reentrarem de forma descontrolada.
Tsunami?
E risco de tsunami ao cair no mar? Nenhuma chance. Vejam que estamos falando de um objeto pesado sim, de aproximadamente 21ton e 30 metros de comprimento. Mas o Ônibus Espacial Columbia que explodiu na reentrada em 1 fevereiro de 2003, muito mais pesado, não causou dano nenhum. Ou melhor, seus destroços não causaram nenhum dano onde caíram. Porém não podemos esquecer que infelizmente acabou vitimando todos os ocupantes da missão STS 107.
Sites de Monitoramento
Com todas essas informações você ficou interessado em também monitorar os satélites? Sabia que isso é super fácil?
Um deles é o SatView. Neste link é possível monitorar em tempo real a ISS (https://www.satview.org/?sat_id=25544U) ou o Telescópio Hubllbe (https://www.satview.org/?sat_id=20580U).
Outro é o Satflare.com. Veja a posição da ISS e o que suas câmeras ao vivo estão transmitindo (https://www.satflare.com/isshd/).
Material Extra
Preparei um vídeo especial contando como eles previram o momento da reentrada, porque estava descontrolado, e ainda como acompanhar qualquer satélite em tempo real. Confira em: https://youtu.be/BUrrcm2qjBw. E ainda, se tiver interesse em ver todos os pedaços de lixos espacial, bem como satélites operantes e inativados que orbitam nosso planeta, também fiz um vídeo há algum tempo falando sobre isso: https://youtu.be/Nlq_EM7l0VM
Texto também publicado nos Portais www.lerunica.com.br e www.portal49.com.br
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