Eles querem suas “senhas”!
28 de março de 2019Inteligência Artificial, Risco ou Oportunidade?
11 de abril de 2019Há algumas semanas temos abordado essencialmente a tecnologia como foco central dos nossos textos, e hoje não será diferente, porém, será com um viés no quanto ela está mudando a forma de influenciar nossa população em especial nossos jovens.
Independente de convicções políticas, nos dias atuais virou moda afirmar que a escola tem “doutrinado” nossas crianças e adolescentes e isso também inclui as Universidades. Particularmente acredito que sim, que isso ocorre mesmo, porém, não é algo novo e também independente de leis “contra” ou “a favor” disso ou daquilo, irá continuar acontecendo. Contudo, na minha percepção a palavra mais adequada não seja exatamente a “doutrinação”, mas sim, “influência”. Observação: Não nego a existência daqueles que realmente tem a intenção de manipular a mente de nossos alunos, por vezes com motivações políticas (tanto de “direita” quanto de “esquerda”), religiosas, ou seja lá qual for, mas certamente a maioria absoluta de nossos educadores querem mesmo e guiar seus alunos para carreiras de sucesso e vidas felizes.
Isso por si só já daria muito “pano pra manga”, ou melhor, muito texto para discussão e com certeza geraria inúmeras manifestações contrárias e a favor. Assim sendo, vamos deixar esta “provocação” para um outro momento. Hoje vamos restringir a reflexão da influência real (e nem sempre percebida) por meio das plataformas tecnológicas sobre nossos jovens.
Alguns dirão que este “mundo não é mais como antigamente” e que as novas tecnologias estão abalando a cabeça dos nossos jovens, mas a verdade que este discurso também é secular, e certamente nossos filhos e nossos netos também o repetirão quando chegar a vez deles.
Se voltarmos no tempo para apenas alguns séculos atrás, mais precisamente para meados do século XV, podemos afirmar que ali houve uma das mais importantes invenções que viriam a revolucionar a comunicação e por consequência a forma que as mensagens chegariam a muito mais pessoas do que chegavam até então. Esta grande invenção foi a imprensa com “tipos” móveis e reutilizáveis por Johannes Guttenberg, sendo que o primeiro livro impresso foi a Bíblia em Latin com 641 páginas. Esta nova forma de impressão substituiu os materiais utilizados até então (papiro, linho, pergaminho, entre outros) para transmitir a informação, e devido a sua facilidade e também baixo custo de operação, alguns séculos depois permitiu a criação dos jornais impressos além de muitos outros materiais.
Observem que esta invenção não permitiu apenas uma nova forma de transmitir informação, mas também de criar, transmitir e influenciar grandes massas populares por meio de impressos com tons mais provocativos, ativistas, com posicionamento político de centro, direita ou esquerda, seja por meio de jornais, livros, ou panfletos no geral.
Já no final do século XIX, em 1896 o físico italiano Guglielmo Marconi cria um novo aparelho capaz de “levar” a voz por quilômetros sem a necessidade de fios. Surgia assim o rádio. Da mesma forma que a impressa escrita, este aparelho foi e ainda é muito utilizado por programas jornalísticos, de esporte, entretenimento, e é claro, para música. Contudo, diferente dos impressos que ainda tinham um “público” bastante restrito, pois é necessário saber ler para poder entender o que “está escrito”, no rádio não há esta limitação, pois tanto pessoas alfabetizadas quanto analfabetos podiam ouvir e compreender as mensagens passadas. Da mesma forma foi e ainda é utilizado como um veículo para informar, mas também, formar opiniões sobre determinados assuntos, sempre com base no que pretende a linha editorial dos donos daquela emissora (ou de outras forças, incluindo governos).
A evolução não parou por ai, e embora tenha sido criada antes, foi em 1928 que foi feita a primeira transmissão de áudio e vídeo por um aparelho mundialmente conhecido por “televisão”. Seria redundância escrever aqui que este novo meio de comunicação também encontrou seus seguidores, uma vez que além do som também transmite as imagens em vídeo do que está sendo tratado, e que da mesma forma que os anteriores também foi e é utilizado para formar opiniões em seus telespectadores. Por vezes as imagens associadas ao som conseguem impactar muito mais.
Seguindo os caminhos das invenções, no final dos anos 1960, cria-se o primórdio do que hoje conhecemos como sendo a internet, e que nos anos de 1980 cria-se os protocolos TCP/IP como um padrão internacional, o que permite que a rede de computadores avance e seja este novo grande veículo por onde circula absolutamente quase tudo, inclusive notícias e entretenimento.
E por fim, já em 2005, sobre a plataforma da internet é lançado o veiculo MAIS PODEROSO de todos até então: o “YOUTUBE”, um site no qual qualquer pessoa utilizando uma simples webcam ou um SmartPhone (desses mais baratos com câmera) pode criar um canal e a partir dele disseminar suas ideias, pensamentos e até mesmo fazer seu próprio jornalismo. Se na “mídia tradicional” são necessários investimentos milionários para “subir um canal pro ar”, além de terem que respeitar todos os tipos de legislação e protocolos de “bons costumes” das praças onde operam, e precisarem de autorizações formais para existirem, já no youtube nada disso é necessário.
Assim, por meio deste site e de outros similares, surgem então os “Digital Influencers” ou ainda os “Novos Gurus” que não fazem nada de diferente do que todas as outras mídias sempre fizeram, que é consciente ou inconscientemente tentar formar e “influenciar” a opinião dos seus seguidores. E por que este meio tem ganho cada vez mais seguidores em detrimento aos grandes veículos? Por razões simples das quais listo algumas: possiblidade de assistir por streaming (assistir o que, quando, como e onde quiser); pela fala natural (não segue uma linha editorial dos “chefes” nem de anunciantes); por geralmente utilizar uma linguagem simples e de fácil entendimento, além é claro, dos assuntos tratados geralmente serem da linha do entretenimento e muitas vezes até da baixaria mesmo.
Assim, a próxima vez que você for falar que nós professores “doutrinamos” nossos alunos, lembre-se, isso pode ocorrer sim, mas ha muitos outros veículos que o fazem com real intencionalidade e propósitos nem sempre claros.
Como se “proteger”? Com muita leitura e se possível procurar conferir sempre as fontes citadas, em especial das notícias que circulam na internet, e Pais, sei com experiência própria que nao é fácil e que nem sempre conseguimos, mas estejamos de olho no que nosso filhos andam “consumindo” na internet e de uma maneira ou outra tentem limitar o acesso a “youtubers” mail intencionados ou de maus exemplos.
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