Um mundo em que avaliam tudo e todos
22 de novembro de 2019Cuidado com o “Viés da Confirmação”
3 de dezembro de 2019
Milhões de Brasileiros estão vivendo dias de muita alegria e êxtase em virtude do resultado futebolístico do último final de semana, visto que um dos maiores times do Brasil, o Flamengo, foi campeão da Libertadores no sábado e do Brasileirão no domingo. Esse amor pelo futebol e por um time, segundo pesquisadores, é semelhante a uma paixão romântica da mais alta intensidade e muito comum na maioria das pessoas. Este sentimento está presente no Brasileiro que se considera o “mais apaixonado” por futebol, e também em outros países, na maioria Europeus, que também demonstram o mesmo fanatismo por seus clubes.
Por outro lado, há pessoas que que são completamente indiferentes aos resultados das rodadas, dos campeonatos, da zona de rebaixamento, e muito menos interessadas e capazes de se recordarem do nome dos jogadores que ganharam o título de “mil novecentos e bolinha” com “tantos gols” em “tantas rodadas” e etc.
Quais desses grupos está certo? Ambos! Pois cada individuo reagem de forma própria, além do que cada um acaba tendo afinidade por diferentes tipos de esportes ou passatempos de lazer.
Acontece que em algumas situações os fãs acabam ultrapassando o limite da torcida para a “idolatria” de alguns jogadores ou times inteiros, chegando inclusive a fazerem loucuras para vê-los e por vezes até “tocá-los”. Para isso, chegam a passar noites inteiras em frente a hotéis esperando sua aparição, acompanham delegações pelo mundo todo, nem que seja necessário penhorar até mesmo os poucos bens familiares, e claro, comprando tudo relacionado ao time e a jogadores. Uma pesquisa rápida na internet indicava que esta semana o valor da camisa oficial do Flamengo era comercializada por R500 ou mais por um ingresso de final de campeonato mas acham um absurdo pagar R$10 para visitar um museu?
Poderia citar ainda o tempo dedicado para assistir jogos, mas a falta de tempo para acompanhar tarefas e reuniões escolares, dentre muitos outros exemplos. Mas estes já são suficientes para ajudar a responder a seguinte questão:
Quem é o responsável por fazer um jogador valer mais que um Professor?
A resposta é bem simples: somos todos nós! Isso mesmo, somos nós que elevamos eles a um patamar de “santidade”, sem que o sejam.
Vamos continuar a curtir os jogos e torcer por nossos times, isso faz parte. Mas vamos tratar jogadores como pessoas comuns, com habilidades diferenciadas claros, mas mesmo assim continuam sendo pessoas como qualquer outra, e não “semideuses”.
Torcida sim! Fanatismo não!
2 Comments
Bom dia Fernando,
Vou incluir alguns dados para o debate.
O futebol (e o esporte em geral) é além de tudo uma profissão, que apesar da ignorância da maioria dos jogadores, profissionalizou todo o modelo do negócio. São empresários, profissionais da saúde, indústrias, todos focados no desempenho e melhoria do produto, que em suma é o jogador de futebol.
Todos esses agentes, ou stakehoulders, desse cluster de negócio precisam se especializar para desenvolver o atleta. Salvo o que achamos, o atleta de alto rendimento tem uma grande dedicação para atingimento de alto rendimento. Nos prendemos aos Ronaldinhos da vida, mas se olharmos para os Messis, Cristianos Ronaldos, Rogério Ceni, perceberemos que uma fatia considerável desses atletas treinam12 ou 14 horas por dia, dedicados em sua profissão.
Agora vamos dar atenção ao professor, que concordo, profissão nobre e fundamental para desenvolver um povo.
Qual a dedicação dos professores em geral no próprio desenvolvimento? A educação que parou na década de 60 com o modelo da revolução industrial onde toda criança é desenvolvida pela média? Se no Empretec aprendemos a neutralizar nossos pontos fracos e potencializar nossos pontos fortes, pq a escola não o faz também?
Além disso, o que os professores fazem pela própria classe? Greve? Aumento de salário somente por aumento de salário, sem uma entrega maior? Apenas pelo romantismo da profissão de professor?
O que foi que se desenvolveu na indústria escolar que motivasse melhores condições aos decentes?
Ah, mas aí vc está só pensando no dinheiro.
Não estou não.
Estou pensando em como as coisas se desenvolvem, em que tipo de motivação se tem pra fazer as coisas de uma forma diferente.
Na medicina temos médicos se formando pra ganhar dinheiro, e não pra curar pessoas, e todo o entorno da indústria médica o faz pra que isso aconteça, desde centros de estética, melhores equipamentos para tratamentos de enfermos e até para recuperação acelerada de atletas (veja só que a 30 anos atrás uma cirurgia no joelho acabava com a carreira do jogador, hj quase todos passam por um procedimento, e simples).
Ah, mas isso não seria possível se não fosse o estudo, a educação. Concordo, mas nesse caso não depende do professor, não o professor da escola. Se pensarmos que o mentor de um empresário de sucesso é um professor, um consultor também é, o treinador do futebol, volei, natação idem… Será que o professor é mal remunerado ou será que o professor escolar seria comparável a um atleta do segundo escalão, de séria B de campeonato estadual?
O problema é o entretenimento ou os próprios professores que pararam no tempo? Se o futuro é construído pelos professores, será que o atual cenário não é culpa deles?
O que está sendo feito pra mudar além de discursos vagos e a torcida para algum político instituir uma lei que faça o milagre da mudança na cultura?
Abraços
Ricardo,
Com certeza esta seria uma discussão bem ampla e concordo plenamente com tudo que você escreveu. Temos tanto bons e maus profissionais em todas as áreas, inclusive no esporte e também na docência.
Contudo, oque eu quis trazer de “provocação” neste texto foi a reverência “que um determinador governador” fez para os jogadores ao final do jogo. Pois antes este fosse um caso isolado, mas infelizmente sabemos que nosso políticos acabam por valorizar muito determinadas áreas e esquecer outras. Literalmente “jogam para a torcida”.
Grande abraço, e obrigado pela valiosa contribuição.