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Alguns dos nossos leitores talvez nem se lembrem mais, e os mais jovens podem até não acreditar, mas até o início dos anos 2000 a população em geral não tinha muitas escolhas do que iria consumir de entretenimento e informações, visto que a mídia era de “poucos para muitos”.
Vejam, por exemplo, que a maioria das rádios possuíam programações com estilos musicais únicos em alguns horários limitados e “mistura” de todos outros estilos no restante do dia, deixando assim o ouvinte com pouca opções: ou 1) ouvia-se o que estava sendo tocado, gostando ou não; 2) recorreria a seus cantores prediletos por meio de fitas K7 ou vinil; 3) desligava o rádio e não ouvia mais nada. O mesmo acontecia com a programação da televisão, eram poucas as emissoras que chegavam com seus sinais na maior parte do Brasil, e da mesma forma, eram elas que ditavam quando e o que os telespectadores iriam assistir. De forma similar, a própria imprensa fazia a transmissão de notícias, entretenimento, esportes e análises diversas, com o viés editorial que melhor lhe convinha.
Você pode até não acreditar, ou lembrar, mas um dia já foi assim. Poucos tinham o “poder” de “escolher” a programação de milhões.
Este cenário começou a mudar para melhor depois da criação da internet no final do século XX, e em especial com os smartphones a partir de 2007 seguidos pela expansão das redes de dados móveis e ampliação da infraestrutura da internet fixa e de alta velocidade, que passaram a se tornar mais presentes nas residências das “pessoas comuns” em “quase” todo território nacional. Acompanhando esta evolução no campo da infraestrutura, surgiram novos serviços e aplicativos que permitiram que pessoas comuns e organizações diversas começassem a produzir e distribuir seus próprios conteúdos de forma independente, e os consumidores, a ter o direito e a opção de escolher o que, quando, como, e aonde iriam consumi-los.
Num primeiro momento e analisando superficialmente, isso parece o “sonho de consumo” de qualquer terráqueo do século XXI, possuir o controle total de escolha e carregar no seu bolso uma verdadeira “biblioteca de Alexandria, uma “videoteca” infindável, jornais com diferentes linhas editoriais do mundo todo, além de milhões de músicas com os estilos mais ecléticos possíveis, bastando para isso somente uma conexão com a internet, um SmartPhone e eventualmente um cartão de crédito.
Acontece que, em vez de ecléticos, o “ser humano” têm se tornado cada vez mais eletivo e seletivo. Tem tudo a disposição, mas a cada dia consome mais quantidade da mesma “coisa” e menos variedade.
Este comportamento gera a criação de uma grande bolha, a qual possui uma membrana “mágica” capaz de filtrar tudo que chega até ela e só permite a entrada de conteúdos que reforcem o pensamento de seus membros. Pode se chamar também de “viés da confirmação”, cuja definição pode ser dada como tendência de interpretar e pesquisar assuntos que confirmem sus próprias crenças e hipóteses iniciais, refutando todas as demais.
E é neste ponto que mora o grande risco, em especial num país dividido em pelo menos duas “alas” bem divergentes como o nosso, pois um lado não aceitará o argumento do outro por mais correto que seja, e vice-versa. Cada cidadão é induzido a só pesquisar conteúdos que reforcem sua convicção, não se permitindo ter acesso a dados que questionem se a sua “verdade” realmente é “absoluta”.
Não se deixe sufocar por esta bolha, resista! Busque outros vieses da mesma notícia. “Tire a prova”!
Ou assista diretamente no Youtube em: https://youtu.be/qAjTxU6l87c
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[…] os que não compactuam dos seus pensamentos. E se há um lugar perfeito para amplificar nosso viés da confirmação, é exatamente a […]
[…] os que não compactuam dos seus pensamentos. E se há um lugar perfeito para amplificar nosso viés da confirmação, é exatamente a […]