Imagem de 200 Degrees por Pixabay
Com a publicação da nova política de privacidade do mensageiro mais utilizado no Brasil, muitas pessoas têm buscado alternativas ao WhatsApp. Isso porque, a partir de 08 de Fevereiro de 2021 para continuar utilizando o aplicativo, é necessário concordar com os novos termos que preveem o compartilhamento dos seus dados com o Facebook.
O Facebook adquiriu o mensageiro em 2014, e desde então tem mantido ele gratuito tanto para uso pessoal quanto profissional, mas isso tem um custo elevadíssimo, e agora este valor será cobrado. Não de forma direta, mas sim, com o compartilhamento dos seus dados.
Quando se fala em dados, a princípio não são os conteúdos das suas mensagens pois esses continuam com criptografia ponta a ponta, mas sim, seu número de telefone, sua localização, seus contatos, tipo de aparelho utilizado, além de outras informações. E como já se sabe há muito tempo, quando o serviço é de “graça”, o produto é “você”.
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Fonte: Política de Privacidade do WhatsApp (Última alteração: 4 de janeiro de 2021 (versões arquivadas))
https://www.whatsapp.com/legal/updates/privacy-policy/?lang=pt_br
Em virtude dessa exigência, muitas pessoas passaram a cogitar deixar o mensageiro e passar utilizar outras alternativas ao WhatsApp. Elas existem e na sua maioria atendem perfeitamente as nossas necessidades. Contudo, é preciso dizer que sair do WhatsApp não irá lhe proteger de ser rastreado pelo Facebook, Google ou outros serviços.
Ou seja, mesmo sem utilizar o mensageiro você continuará sendo rastreado, e ainda, perderá o principal canal de comunicação. Ficará privado de conversar só com seus amigos e familiares, além de lojas, restaurantes, escolas e tantos outros serviços que só crescem e são disponibilizados pela plataforma. Para efeitos de comparação: enquanto o WhatsApp está presente em aproximadamente 99% dos SmartPhones Brasileiros, o Telegram que é seu principal “concorrente” está somente em 35%.
Ou seja, com uma falsa impressão de privacidade nas redes, deixará de falar com a grande maioria dos seus contatos, e mesmo assim, continuará sendo rastreado.
Eu particularmente defendo o uso de outros aplicativos de comunicação, não com a falsa sensação de proteção e privacidade, mas sim, pelos serviços que eles oferecem. Dentre esses, destaco alguns a seguir:
Sem sombra de dúvidas o melhor mensageiro instantâneo que existe. Pois além dos bate papos de texto, áudio e vídeo, permite ainda chat por voz entre os participantes de um determinado grupo, envio de mensagens que se autodestroem no tempo determinado (chat secreto) e ainda o agendamento do envio de mensagens. Quanto a privacidade, ele é uma das melhores alternativas para participar de grupos sem revelar seu telefone, apenas “@nomedosusuário“. E por falar em grupo, ele permite a criação de grupos com até 200.000 membros. Sem contar os inúmeros serviços disponibilizados pelos robôs do Telegram.
Na minha opinião, esse é um aplicativo para se utilizar junto com o WhatsApp, mas infelizmente com uma base de só 35% de usuários no Brasil, suas comunicações ficarão comprometidas.
O Skype foi um dos primeiros aplicativos de comunicação com voz e chat, e mais recentemente com vídeos também. Foi Lançado em 2003 e adquirido pela Microsoft em 2011 e está presente no mundo todo. Mas, da mesma que os outros mensageiros, sua base de usuários é bem limitada e direcionada. Uma grande vantagem do Skype é que com ele, a partir da contratação de um plano ou créditos avulsos, é possível também ligar para telefones fixos e celulares do mundo todo.
O Singal é considerado um dos melhores mensageiros no que se refere a privacidade. Tanto que, a Comissão Europeia recomenda o mesmo para a troca de mensagens públicas entre os parlamentares do bloco. Mas se o Telegram e o Skype já não tem muitos usuários, imagine o Signal aqui no Brasil. É bem provável que se você baixá-lo, talvez tenha menos de “meia dúzia” de contatos ativos que o utilizam.
Você pode estar se perguntando: e o messenger e o Direct do instagram também não são mensageiros? Sim, são, mas também de propriedade do Facebook. O que em tese, também coletam os dados dos seus usuários.
Uma vez que praticamente todos os sites tem elementos de coleta de informação dos seus visitantes com propósitos de publicidade, e agora inclusive nossos meta dados serão coletados durante nossas conversas, simplesmente sair da rede não vai nos livrar de termos nossas “pegadas digitais” coletadas e tratadas.
Mas se sair do WhatsApp não garante a privacidade, oque pode ser feito então?
Antes de responder a esta questão, vamos dividir a “privacidade” em dois tópicos. A privacidade “pública” e a que só os algoritmos sabem. Muita gente se preocupa muito com a segunda, mas negligencia totalmente a primeira situação.
Para ficar mais claro. Os dados que o facebook e google coletam, por exemplo, são utilizado para direcionar suas publicidades. Contudo, muitos ficam indignados com a coleta de dados para fins de direcionamento de publicidades, mas continuam publicando em tempo real onde estão, com quem estão, o que estão fazendo, e até mesmo em alguns casos, momentos mais íntimos.
De fato precisamos legislações mais específicas que proíbam a coleta dos nossos dados e que os mesmos sejam utilizados ou repassados sem nossa permissão, mas também, precisamos ter mais cuidado com o que publicamos.
De qualquer forma, uma das formas para diminuir um pouco o que as redes sabem sobre nós, podemos apagar de nossos celulares praticamente todos os aplicativos que nos ajudam muito no dia a dia. Só navegar na internet utilizando “abas anônimas”, e nunca postar nada. Será que você consegue?
Infelizmente o mesmo algoritmo utilizado para direcionar publicidade, também pode ser utilizado para publicações dirigidas e desta forma, inclusive mudar o rumo de uma nação. Temos como fugir? Praticamente não! Tem realmente como nos protegermos? Muito difícil. Para entender um pouco mais o mundo em que estamos vivendo, recomendo a todos dois filmes no NETFLIX na seguinte ordem:
E você o que acha disso? Está ciente de que “eles” sabem mais de nós do que nós mesmos?
Se preferir, assista o comentário deste texto diretamente no Youtube: https://youtu.be/A0BCIKH0b7Q
Publicado originalmente no Portal www.notisul.com.br