Trabalhar “com” ou “para” Robôs?!
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2 de maio de 2019Há algumas semanas temos trazido para esta coluna textos relacionados com assuntos de tecnologias do “futuro” que já são o “presente”, como os grandes avanços da Inteligência Artificial e também da Robótica. Hoje daremos continuidade a este tema, trazendo para reflexão um seriado da Netflix que da mesma forma que os assuntos anteriores, pode até parecer pura ficção cientifica, mas na verdade muito do que é relatado nos episódios já está presente no dia-a-dia de muitas pessoas em muitos países. Estamos falando do seriado “Black Mirror”.
O primeiro episódio foi ao ar em Dezembro de 2011 pelo “Channel 4”, uma rede de televisão Britânica. Foram três (3) temporadas por este canal, e a partir de 2016 foram mais duas (2) temporadas pela Netflilx, e em Dezembro 2018 foi lançado o primeiro filme interativo da série. A série é invocada pela crítica e pelo público como inovadora e chocante, ao mesmo tempo que muitos episódios causam verdadeira “repulsa” em alguns telespectadores.
O motivo do choque causado e também do sucesso dos episódios é devido a forma que são produzidos, sempre trazendo temas polêmicos, muitas vezes satíricos, sombrios, e muito especulativos de como a tecnologia poderá causar consequências imprevistas na sociedade contemporânea. Cada episódio é escrito de forma independente um do outro e pode ser assistido sem uma ordem determinada.
Sem trazer spoiler e para instigar nossos leitores a assistir todas as temporadas, vamos apenas comentar sobre alguns episódios específicos e relacionar com situações das quais já estamos presenciando cotidianamente.
Um destes episódios é o segundo (2º) da primeira (1ª) temporada “Fifteen Million Merits”, onde os protagonistas pedalam bicicletas geradoras de energia em troca de “méritos”, os quais são trocados posteriormente por produtos, enquanto assistem a um show de talentos que faz de tudo pela audiência. Será que tem alguma semelhança com algo que é exibido nas nossas “telas” nos sábados e domingos à tarde?
Outro episódio desta mesma temporada é o terceiro (3º) “The Entire History of You”, no qual as pessoas usam chips implantados capazes de gravar tudo que se passa em seu meio e estas informações podem ser acessadas a qualquer momento, reproduzindo desta forma suas memórias específicas diretamente sem seu olho ou em um monitor. Você já parou para analisar o quanto nós também temos deixado “nossas memórias” gravadas em vários serviços da internet? Tem programas que por padrão registra todos os lugares que estivemos e também nossa navegação nos diversos sites vão deixando nossos rastros, e ainda, tem pessoas que junto disso vão voluntariamente postando em todas as mídias sociais possíveis seus passos, as pessoas com quem “conviveram” naquele instante, e até mesmo, qual comida havia em seus pratos. Tudo isso para ganhar alguns “likes”.
E por falar em “reconhecimento digital”, tem o primeiro (1º) episódio da terceira (3ª) temporada “Nosedive”, no qual as pessoas usam implantes oculares associados a dispositivos móveis (como nossos smarphones) e com eles classificam todas as interações online e pessoais em uma escala de cinco (5) estrelas. Sua “nota” afeta significativamente seu status sócio econômico e também a relação de produtos que pode adquirir e descontos possíveis. Na vida real, em 2018 mais de 17 milhões de Chineses foram impedidos de viajar de avião ou de trem por terem “baixa nota no crédito social” do país. Basta não pagar uma conta, um imposto, agir de forma inadequada no trem ou enquanto caminha com seu cãozinho para “perder” pontos.
Outro episódio sugerido é o quarto (4º) da quarta (4ª) temporada “Hang the DJ” em que vários jovens participam de um sistema de relacionamento, em que o dispositivo chamado “Coach” instrui com quem devem se relacionar, incluindo o tempo limite deste relacionamento. Será que há alguma semelhança com os aplicativos utilizados pela maioria dos jovens e adultos nos dias de hoje?
Por fim, a Netflix inovou mais uma vez com o filme “Bandersnatch” que é uma continuação do seriado Black Mirror e é apresentando como sendo o primeiro filme interativo dos serviços de streaming, em que o próprio telespectador decido durante a exibição qual caminho o personagem deve seguir durante o trama. O filme tem duração de 90 min, mas para todos os caminhos “possíveis” do filme foi necessário a gravação de 312 minutos. Do que trata o filme? Bom, isso vou deixar por conta de nossos leitores descobrir, não vou deixar nenhum spoiler aqui.
Como todos seriados de TV, o Black Mirror tem episódios excelentes, outros medianos, e alguns sofríveis, mas com toda a certeza vale o tempo dedicado. Ainda mais, se você relacionar os episósidios com muitos fatos reais que já estamos vivendo, talvez não na mesma intensidade e não com o mesmo impacto de uma “tecnologia desastrosa”.
Prepare a pipoca e se prepare para a maratona, são 19 episódios em 5 temporadas, e mais um filme, e então tire suas próprias conclusões.
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